Bonarda: Desvendando a Confusão de um Nome que Engana
- LUBRIEL Pontalti
- 25 de set.
- 3 min de leitura

AMIGOS, CLIENTES, EXPERTOS E AMANTES DO VINHO E DA VITICULTURA! 🌍🍷
Hoje vamos desvendar um dos grandes mistérios – e uma das maiores confusões – do mundo do vinho: a uva Bonarda.
Se você já provou uma Bonarda argentina, suculenta e frutada, e depois se deparou com uma italiana, mais rústica e tânica, pode ter ficado com a impressão de que eram vinhos completamente diferentes. E acertou em cheio! A verdade é que "Bonarda" é um nome genérico que esconde uma verdadeira trama de identidades secretas. Preparem-se, porque a história é fascinante e tem uma conexão direta com o cenário vitivinícola brasileiro.
A Verdade por Trás do Nome: Não Existe "A" Uva Bonarda
O primeiro ponto crucial que precisamos esclarecer é: não existe uma única variedade de uva chamada Bonarda. O nome foi sendo atribuído a diferentes castas em várias regiões vinícolas ao longo da história, criando um quebra-cabeça que só foi resolvido com estudos de DNA modernos. Vamos conhecer as principais "personalidades" da Bonarda:
1. A Bonarda Argentina: Na Realidade, é a Douce Noir
Na Argentina, a estrela chamada Bonarda é, na verdade, a uva Douce Noir, originária da Savoie, na França. Ela é a segunda uva tinta mais plantada no país, uma verdadeira paixão nacional.
Perfil do Vinho: Os vinhos são geralmente de cor rubi intensa, com aromas vibrantes de amora, cereja e framboesa, muitas vezes com notas picantes. São vinhos de corpo médio, com taninos suaves e uma acidez equilibrada, tornando-os extremamente fáceis de beber.
2. A Bonarda Italiana: A Croatina do Oltrepò Pavese
Quando você vê um "Bonarda dell'Oltrepo Pavese" na prateleira, saiba que está diante de um vinho feito principalmente da uva Croatina.
Perfil do Vinho: Aqui, "Bonarda" é mais um estilo do que o nome da uva. O resultado é um vinho de rubi profundo, aromas de frutas vermelhas maduras e um final agradável e persistente. É comum encontrá-lo na versão tranquila ou até mesmo espumante, sendo um ícone regional.
3. A Charbono Californiana: A Irmã Gêmea da Bonarda Argentina
A história se completa na Califórnia, onde a uva é conhecida pelo nome Charbono. E adivinhem? Trata-se exatamente da mesma Douce Noir argentina!
Perfil do Vinho: Os estilos da Califórnia tendem a ser mais encorpados e tânicos do que os argentinos. São vinhos de cor muito escura, que se beneficiam do amadurecimento em barricas de carvalho, ganhando complexidade e estrutura.
O Cenário Brasileiro: Barbera e Croatina em Destaque
E é aqui que a história fica ainda mais interessante para nós, viticultores brasileiros! Duas variedades-chave desta trama possuem registro no RNC (Registro Nacional de Cultivares) e são cultivadas em nosso território, demonstrando grande potencial de adaptação:
Barbera no Brasil
Origem: Uva italiana nobre do Piemonte, totalmente distinta de todas as "Bonardas" mencionadas.
Potencial Nacional: Tem-se mostrado uma variedade de grande versatilidade, adaptando-se muito bem a diversas regiões vinícolas do nosso país.
Perfil Típico: Os vinhos brasileiros feitos com Barbera costumam apresentar uma acidez vibrante – uma das marcas registradas da uva –, taninos suaves e sabores de cereja ácida e ameixa, criando um perfil único e delicioso.
Croatina no Brasil
Origem: É a própria uva que dá origem à "Bonarda" italiana autêntica.
Potencial Nacional: Assim como a Barbera, a Croatina também possui registro no RNC, abrindo um leque de possibilidades para a viticultura nacional. Seu cultivo permite explorar estilos de vinho semelhantes aos do Oltrepò Pavese, mas com a tipicidade dos nossos terroirs.
Perfil Típico: Espera-se que produza vinhos de cor intensa, bom corpo e aromas frutados, podendo resultar em vinhos tranquilos ou espumantes de alta qualidade.
Gostou de desvendar esse mistério connosco? A próxima vez que degustar uma Barbera ou uma Croatina nacional, você saberá que está a apreciar variedades com identidade própria e um futuro promissor em nossas terras!



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