Da Serra Gaúcha à Moravia e mais uma vez
- LUBRIEL Pontalti
- 11 de abr.
- 2 min de leitura

Não é novidade para ninguém que a serra gaúcha, lugar onde cresci, é uma região
famosa pela produção vitivinícola. Novidade para alguns pode ser que a região da
Morávia do Sul, na República Tcheca também seja famosa por seus vinhos. Mas o que
uma coisa tem a ver com a outra talvez seja uma particularidade que não afete à
muitas pessoas. Eu por outro lado, descobri esta feliz coincidência por acaso. Com a
busca por experiencias internacionais, típicas de uma recém doutora na área de
ecologia, encontrei na universidade de Masaryk muito mais que um destino
profissional. Situada na Morávia do Sul a cidade de Brno foi minha casa por quase 3
anos. Onde além da vida na tranquila cidade, experienciei os arredores, em especial a
cadeia de montanhas Pálava (em tcheco, ou Pavlov Hills em inglês), onde realizava a
minha pesquisa de campo juntamente ao grupo de pesquisadores locais Milan Chytrý,
Kryštof Chytrý e Jakub Těšitel. Durante minha estadia, remotamente, também auxiliava
meu companheiro Gabriel, em sua empresa familiar de importação de mudas de
videira, traduzindo os documentos necessários para o registro de novas variedades de
vinhos no Brasil. Por coincidência, uma destas variedades inéditas, que havia sido
encomendada pela vinícola Garibaldi, da cidade homônima, era justamente a do vinho
branco Pálava, que havia sido desenvolvida não muito longe de onde eu realizava as
minhas pesquisas.Já de volta ao Brasil, após o término do meu contrato, me vejo mais ativamente
participando da Lubriel, em feiras e visitas aos clientes, quando me deparo com as
primeiras garrafas de Pálava produzidas em solo brasileiro. Vi de imediato uma
oportunidade única. Encontraria meus antigos colegas em um congresso dali a alguns
dias, e tinha que levar um presente na bagagem. E foi assim que uma garrafa de vinho
brasileiro, proveniente de mudas italianas, de uma variedade tcheca, faria a viajem de
volta às suas origens. O presente foi inicialmente visto com estranheza por Milan, por
que eu traria do Brasil um vinho com nome italiano? e foi quando ele viu o nome da
variedade na garrafa que tudo fez sentido. Juntamente ao presente veio uma
promessa: o vinho deveria voltar à Pálava, e foi justamente o que aconteceu. Numa
terça-feira qualquer recebo as fotos do brinde que meus amigos fizeram, com esta
garrafa viajante, de muitas histórias e muita saudade.

Por Felícia Miranda Fischer

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